Empresas criam seu próprio “Facebook” para melhorar a comunicação entre funcionários
Redes sociais corporativas abrem espaço para discussão, mas pede regras de conduta
Imagine o perfil em uma rede social cujo dono publica fotos do último evento da empresa em vez de fotos da balada. O botão “Curtir” é usado em tópicos que discutem novos projetos da companhia em que se trabalha e uma das pessoas “seguidas” é nada menos que o presidente mundial da corporação.
Uma página assim poderia ser, com exagero, o Facebook ou o Twitter de um trabalhador apaixonado pelo que faz, mas perfis assim existem. Trata-se de páginas encontradas em redes sociais corporativas, desenvolvidas especialmente para serem usadas entre funcionários das empresas e às vezes abertas também a colaboradores indiretos.
O objetivo da adoção desse tipo de recurso é tornar mais eficiente a comunicação interna entre várias áreas de grandes empresas, sem o tom estritamente formal de reuniões.
Com uma rede social focada no trabalho, as companhias buscam oferecer um espaço para debates, estimulando a inovação a partir da colaboração e interação entre pessoas com interesses comuns, mesmo quando estão a milhares de quilômetros de distância.
Carolina Terra, pesquisadora de mídias sociais e comunicação organizacional, explica que as redes sociais corporativas apareceram no Brasil após algumas companhias usarem blogs corporativos para “quebrar o gelo” entre presidentes, diretores e seus funcionários. Prática que começou em meados de 2008.
- Ao mesmo tempo em que a rede social corporativa encurta as distâncias para a colaboração e tem um tom informal, sem deixar de ser profissional, permite que os gestores tenham um diferencial em relação a uma troca de e-mails, por exemplo.
Segundo a pesquisadora, “a rede interna oferece um retorno em tempo real sobre as ideias e os projetos de seus usuários”.
Siga o presidente da empresa
A exemplo da análise de Carolina, a Dell implantou o Chatter, uma rede social corporativa que permite a comunicação entre várias unidades da empresa espalhadas pelo mundo. Para facilitar o uso, a companhia desenvolveu a rede com recursos parecidos com o que existe nas mais tradicionais, como Facebook, Orkut e Twitter.
Pelo Chatter, é possível criar um grupo público - para todos os participantes - ou privado, quando apenas seus contatos visualizam as publicações. A interação pelo Chatter permite ainda seguir e ser seguido por Michael Dell, presidente mundial da empresa e “curtir” as publicações, além de compartilhar e editar arquivos em grupo.
Ana Evangelista, gerente de comunicação corporativa da Dell Brasil, diz que o fato de a empresa ter uma rede interna com funções comuns com as redes sociais tradicionais facilita a adesão dos funcionários.
- Temos uma apresentação que funciona como um tutorial para que o novo usuário conheça as funções, mas os recursos são intuitivos e interativos. É uma forma direta de se comunicar sobre assuntos de trabalho, o que não acontece no Facebook, por exemplo.
Profissional x pessoal
Por serem relativamente novas, as redes sociais corporativas são mais comuns em empresas que lidam com tecnologia. As companhias têm basicamente duas opções: desenvolver do zero uma rede com desenho e funcionalidades feitas sob medida ou recorrer a serviços pagos que oferecem a plataforma técnica, já com funcionalidades de bate-papo, fórum, e álbuns, bastando apenas que a empresa mude o visual de acordo com a sua marca.
A empresa de software TOTVS investiu recentemente na criação de uma rede exclusiva em que seus usuários têm acesso integrado ao seu Facebook, Twitter, YouTube e LinkedIn. A mudança do perfil pessoal para o profissional acontece em apenas um clique.
Para Rafael Ramos, mestre em sistemas de gestão, essa integração funciona e, diferentemente do que se imagina, não tira o foco do objetivo da rede corporativa, que é discutir assuntos profissionais.
- Se o usuário for bem orientado, ele vai saber usar bem as duas coisas. Desligar o mundo externo e fazer com que as pessoas se relacionem apenas com a empresa é um erro.
Segundo Ramos, dosar os interesses profissionais e pessoais discutidos nas redes sociais é um desafio para as empresas.
- Porque quando você cria uma barreira do profissional com o mundo de fora naturalmente se cria uma barreira de coisas novas que o profissional pode buscar lá fora e trazer para e empresa.
RH dá dicas de como proceder nestas redes
Os cuidados usados em uma rede social corporativa devem ser basicamente os mesmos ao se usar a internet, de acordo com uma especialista em Recursos Humanos ouvida pelo R7. Assuntos extremamente pessoais como valores de salário, intimidades e linguagem vulgar não devem ser publicados.
Para a consultora de RH, Andrea Huggard-Caine, a implantação de uma rede social corporativa pode não ser tão fácil quanto parece, pois pode implicar em dificuldades de adaptação dos funcionários.
- Por ser um recurso novo, nem sempre fica claro o que é social e o que é trabalho. Redes sociais têm um componente de voluntariado. A pessoa tem que querer participar.
Andrea cita que uma boa maneira de o funcionário aderir, é a empresa estimular o hábito de usar a rede social corporativa.
- Mais do que treinamento, é uma questão de estimular o hábito. A rede social tem que ter um benefício real no dia a dia, que costuma ser bastante corrido nas corporações.
FONTE: www.r7.com.br
FONTE: www.r7.com.br
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